/Do Brasil que temos ao Brasil que queremos

Do Brasil que temos ao Brasil que queremos

Não adianta negar, ninguém quer gasolina a quase R$10, o queijo a mais de R$30 e o leite a quase R$8. E como dizia Titãs: – a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte! Agora em agosto quando fui comprar o livro do mês na Livraria Mega Morais e dei de cara com a feliz curadoria da Alenice ao escolher vários títulos da minha editora atual mais querida: a Todavia. Dentre esses títulos tive um amor à primeira vista: Discurso sobre a metástase – do autor mineiro André Sant’anna.

Metástase é uma invasão feita por células cancerígenas a outros órgãos do corpo de um indivíduo que, inicialmente, apresentava neoplasia em apenas um órgão. No caso do câncer de mama, por exemplo, o tumor invade até mesmo os tecidos dos pulmões, ou seja, em linhas gerais é quando o mal se espalha. O discurso aqui diz sobre esse mal, o mal maior que espalha pelo corpo, pelas ideias, pelo país… Já de cara no título eu consigo assimilar tudo isso a real atualidade do nosso Brasil, como dizia no começo: gasolina a quase R$10, queijo a mais de R$30 e leite a quase R$8.

O que André faz nesse livro é nos levar ao não-lugar por meio de um espelho extremamente crítico e bem apurado da nossa sociedade brasileira crocs-chips-burger que tanto se preocupa com o dinheiro acima das coisas e com a evolução do eu; do eu, do eu, do EU (sabe como?). André é cirúrgico e ao mesmo tempo sarcástico, nos incomoda e muito entender onde estamos e porque estamos, onde abrimos a gaveta do egoísmo, da religião, do dinheiro, do olhar apenas para o eu, onde entendemos o que valorizamos e porque tanto valorizamos coisas. Apenas isso, COISAS.

O livro é condensado em contos – histórias como ele mesmo categoriza, que às vezes criam continuidade uma na outra e às vezes se sobrepõe, bem próximo a nossa realidade. André é político, é sensato e extremamente crítico, nos transfere a um olhar pra dentro que traspõe o próprio discurso.  Com uma forma de escrever muito bem apurada, um humor sagaz e marcante a gente vai se incomodando, pisando no próprio calo e se entendendo à medida que viramos as páginas, em forma confessional vamos percebendo realmente as dores e as alegrias de sermos brasileiros principalmente nos dias de hoje.

Do Brasil que somos ao Brasil que queremos, seria impossível não categorizar esse artigo com uma frase como essa; clichê? Clichê! Mas nada se torna clichê à toa não é mesmo? Eu poderia citar para fechar esse artigo milhares de passagens que nos tiraria do lugar e nos faria ficar matutando a tarde toda sabe como? Mas parafrasearei apenas um fato, dolorido, mas verdadeiro contido neste livro, que possamos dormir com esse engasgo mas, acordemos querendo fazer a diferença e – FAÇAMOS:

“O povo brasileiro é muito burro, O Índice de Desenvolvimento Humano do povo brasileiro é baixíssimo. O povo brasileiro não tem sensibilidade para perceber que é uma aberração o Brasil ser uma das maiores economias do mundo e, ao mesmo tempo, ter um dos mais