Paulo Fonsêcà
Maio vai se aproximando e a gente sempre já se lembra na peça fundamental da nossa existência – nossas mamães, não é mesmo? Não teria como eu ir no passeio mensal na Livraria Mega Morais e não pensar nesta data para um jornal programado a sair semanas antes desta data tão importante: o dia das mães. A indicação literária do mês conversa diretamente com esta data e, além do livro já existe também uma adaptação cinematográfica deste, muito bem feita por sinal, com o nome de Rosa e Momo, disponível e original Netflix, ou seja, várias maneiras de “chorar largado” tendo esta história como enredo – eu, pessoalmente recomendo demais as duas formas, AS DUAS!
Em “a vida pela frente” teremos contato com a história de Mohammed, ou apenas Momo, é ele quem nos conta sua PRÓPRIA história. Momo é uma criança negra filho de uma prostituta que ele nunca conheceu, desta forma foi colocado pelo próprio governo a morar com Rosa, uma senhora em estado de saúde delicado, com obesidade mórbida e um passado triste – ex sobrevivente do Holocausto que para sobreviver também se prostituiu em Paris e agora já aposentada trabalha cuidando das crianças das outras mulheres “que se viram” – sendo então a “mãe emprestada” delas. Eu não sei vocês, mas já desse cenário já guardo eu lágrimas suficientes para me emocionar.
E isto acontece. Ao narrar sua história Momo nos apresenta a sua visão de mundo, o seu entendimento sobre seus vizinhos: todos imigrantes árabes, judeus e negros que em comum têm a pobreza e a luta pela sobrevivência; narrador este que além da baixa idade diz ter “muita experiência” na vida por vivenciar e experenciar um dos mais difíceis mundos, porém, por nunca ter sido educado formalmente Momo acaba por em diversos momentos “perdendo” as palavras ou se confundindo no enredo, bem como uma criança na vida de fato.
Um livro que abre tom para uma expectativa de história (o crescimento e desenvolvimento do nosso narrador mirim) mas, que nos surpreende indo para o outro lado (o envelhecimento e o fim dos dias de Rosa). Um livro que se manifesta como um ato de amor e coragem de uma criança com sua mãe adotiva, um amor que nunca foi expresso em presentes e carinhos, mas em todo perfume, maquiagem, ensinamentos e lágrimas que Rosa tanto fez marcar na vida de Momo.
Para mim, um leitor de uma realidade tão distante do livro este enredo de amor e relacionamento maternal se fez tão possível que foi impossível não se apaixonar tremendamente pelos personagens. Um livro de tantas vontades e ensinamentos que nos faz desejar ser Momo’s , ser este com sua incrível habilidade de saber sempre encarar a vida pela frente com a mesma coragem deste herói-mirim. Ser Momo também acima de tudo conseguindo sempre valorizar não só a figura materna da mulher progenitora, mas, a todas as figuras daquelas que sempre nos doaram: tempo, paciência, amor, cuidado, carinho e afeto intermináveis, feliz dia a todas essas! Feliz dia a TODAS as mães!