Brumadinho, 30 de abril de 2024.
O engajamento político entre os jovens brasileiros atingiu seu nível mais baixo em uma década, de acordo com dados recentes. Em 2014, durante a acirrada disputa entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, mais de 415 mil jovens entre 16 e 24 anos estavam filiados a algum partido político. No entanto, atualmente, esse número mal ultrapassa os 180 mil, revelando uma queda significativa.
É crucial entender que filiar-se a um partido político vai além de escolher um time para torcer. Envolve uma série de obrigações burocráticas, como participar de atividades políticas da legenda e votações internas.
Uma das razões apontadas para esse declínio é o desencanto com a política desde 2014. Escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato e a crescente polarização política contribuíram para afastar os jovens do cenário partidário. De fato, pesquisa indica que 83% dos brasileiros acreditam que o país está mais polarizado do que nunca, o que pode ter desencorajado muitos jovens a se envolverem.
No entanto, há nuances nesse panorama. Os partidos dos dois políticos mais proeminentes do país, Lula e Bolsonaro, apresentaram um aumento na filiação de jovens desde as últimas eleições. Curiosamente, o PL, desde que Bolsonaro se filiou à sigla em 2021, viu seu número de associados jovens quase dobrar, enquanto o PT experimentou um aumento significativo após a soltura do ex-presidente Lula.
Além disso, o PSOL, situado mais à esquerda do espectro político, lidera pela primeira vez o número de jovens filiados entre todos os partidos, com 19 mil associados.
Apesar desses casos pontuais, o panorama geral mostra uma queda constante no número de filiados partidários no Brasil. Mesmo sendo um dos países com mais partidos políticos no mundo, com 29 legendas, o total de associados não chega a 16 milhões, representando pouco mais de 10% dos eleitores.
Essa tendência levanta questões importantes sobre o futuro da participação política dos jovens no Brasil e sobre como os partidos podem se adaptar para atrair essa parcela da população que parece cada vez mais distante do cenário político tradicional.