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Lixo e cidadania em Brumadinho

Em 1997, quando foi criada a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, assumiu como seu titular o professor Renato Quintino (in memoriam), morador do condomínio Retiro do Chalé, na região serrana do município, e nessa época editor do periódico Folha de Casa Branca, hoje desativado. Em sua gestão, Quintino, em conjunto com as Secretárias de Obras e de Saúde, criou em 1998 o Projeto Lixo e Cidadania no município seguindo a proposta dos governos federal e estadual e da UNICEF que preconizavam aos municípios criar projetos singulares de inclusão social com a participação de pessoas com “sofrimento mental”.

As propostas desse projeto estiveram nessa época ligadas nessa época às então ações de sustentabilidade propostas pelo município através da redução, reutilização e reciclagem do lixo e ao fim do “lixão”, então existente em Brumadinho que foi transformado em um aterro sanitário.

Com esse projeto, o município dava uma resposta social à política inclusiva prevista tanto na Constituição Federal quanto na Lei Orgânica do município voltadas para fomentar a questão da sustentabilidade seguindo a tendência mundial a esse respeito tornando o nosso município referência nacional a este respeito.

Em consequência a expressão “lixo e cidadania” ganhou ampla popularidade em Brumadinho o qual passou a ter o seu lixo reciclável recolhido periodicamente pela Ascavap nas ruas ou nos domicílios da cidade com o auxílio logístico da Prefeitura/Secretaria de Meio Ambiente.

Apesar disso, hoje, ao andarmos pelas ruas da cidade, seja nos bairros ou no centro, nos damos conta de como muitos moradores e comerciantes insistem em ignorar o compromisso cívico de cada cidadão de dar um destino adequado ao lixo comum separando-o do lixo descartável que é recolhido periodicamente pelo serviço de coleta da Ascavap enquanto o lixo comum é exemplar e periodicamente recolhido pelo caminhão de lixo comum.

Apesar da boa qualidade desse tipo de serviço, é comum nos defrontarmos com amontados de lixo comum misturados com lixo reciclável, como plásticos, caixas de papelão, latas, garrafas, materiais eletrônicos, restos de comida, fezes de animais, entre outras coisas, que são depositados diária e indistintamente nas calçadas por moradores ou comerciantes para serem recolhidos pelo caminhão de lixo comum.

 

Lixo reciclável descartado como lixo comum

Se torna cada também cada vez mais comum observarmos de como muitos moradores e comerciantes insistem em fazer uso particular ou inadequado das calçadas públicas tornando-as praticamente intransitáveis aos pedestres, principalmente aqueles com problemas de mobilidade reduzida, como os cadeirantes, por exemplo que, impedidos de caminhar pelas calçadas, são obrigados a caminhar na parte da rua destinadas aos veículos correndo o risco de serem atropelados, ignorando solenemente o nosso código de postura.

 

 

Lixo comum e reciclável indistintamente colocados para recolhimento do caminhão de lixo da Prefeitura, além de obstruir a passagem de pedestres nas calçadas.

 

Caçamba para recolhimento de lixo comum é uma boa ideia, mas pedestre tem que caminhar pela rua diante da obstrução que ela provoca na calçada

Na Avenida Vigilato Braga algumas calçadas se transformaram em estacionamentos particulares de lojas enquanto outras servem como locais de guarda ou exposição de mercadorias por parte de alguns estabelecimentos comerciais dificultando o ir e vir das pessoas, situação contrária ao bom senso cívico e ao código de posturas da cidade.

Espaço destinado ao ir vir e vir dos pedestres drasticamente diminuído para dar lugar a estacionamento de carros e facilitar o acesso de possíveis clientes aos estabelecimentos comerciais.

Somando tudo isso ao nosso caótico trânsito atual com a excessiva ausência de verde da cidade temos como resultado uma cidade cada vez mais cinzento e hostil ao cidadão.

Via de pedestre com espaço diminuído para dar lugar ao estacionamento de clientes de estabelecimento comercial

No caso das dificuldades de estacionamento de veículos no centro da cidade, cabe uma pergunta: será que já não está na hora da Prefeitura/Setor de trânsito de Brumadinho instalar no centro o esquema do cartão rotativo azul para estacionamento públicos de veículos no centro da cidade e com a verba arrecadada investir na melhoria do nosso caótico trânsito no centro da cidade?

E, de quebra, quem sabe, manter as faixas de pedestres e redutores de velocidade pintados com mais frequência?