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Crime Humano e Ambiental Arrasa Brumadinho

Na sexta-feira, dia 25 de janeiro, Brumadinho foi vítima de um dos maiores crimes do Brasil. Uma das barragens de rejeitos da mineradora Vale, no Córrego do Feijão, se rompeu, atingindo uma outra barragem que chegou até a área administrativa da companhia, o refeitório, grande parte da Vila Ferteco e lugarejos próximos a empresa e no caminho atingido pelo mar de “lama”. A data será lembrada eternamente por todos os brumadinhenses, que se comoveram e se sentiram atingidos e afetados pelo o ocorrido.

Logo após o ocorrido o corpo de bombeiro e todos os responsáveis pelo resgate já estavam presentes nas áreas atingidas e a primeira estimativa é de que haviam cerca de 300 a 350 pessoas desaparecidas até o momento. Os bombeiros ainda afirmaram que as sirenes de emergência não tocaram, fator que fez agravar e aumentar o número de atingidos pelos rejeitos. Segundo o presidente da Vale, Fábio Schvartsman, vazaram cerca de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O presidente da Vale disse também que outro fator agravou ainda mais a situação, esse fator foi o rompimento da segunda barragem decorrente ao vazamento de rejeitos da primeira. Ele ainda afirmou que há três anos a barragem que rompeu não era usada pela empresa.

Foram dias de tristeza, esperança e muita união. Brumadinho se viu no meio de um emaranhado e de uma bola de neve gigantesca que tomava proporções ainda maiores cada dia que se passava. Jovens, adultos, crianças e idosos uniram forças para conseguir ajudar de alguma forma o município que tanto necessita de apoio.

No sábado, dia 26 de janeiro, primeiro dia após o rompimento, a cidade amanheceu com um sentimento de tristeza que se espalhava pelas ruas e pelo céu. Brumadinho é um município próximo a uma grande metrópole , Belo Horizonte , mas que ainda possui hábitos de uma cidade de interior, por esse motivo todos da cidade se conhecem e tem suas vidas entrelaçadas o que fez aumentar ainda mais o sentimento de tristeza ao ver que entre as vítimas atingidas estavam vários parentes, amigos, vizinhos e conhecidos.

O primeiro dia após o crime foi marcado pela comoção nacional, pessoas e sentiram na obrigação de ajudar Brumadinho. A Quadra Municipal de Esporte de Brumadinho foi escolhida como ponto principal para o recebimento de doações e de forma tão bonita tivemos um número enorme de doações e várias pessoas se prontificaram a ser voluntários, todos com a intenção de dar o máximo para amparar Brumadinho. Esse clima de esperança e ajuda tomou conta de Brumadinho desde o dia do ocorrido e por isso foi possível arrecadar números grandiosos de doações que vieram de todas as partes do Brasil.

Os dias se passaram e os trabalhos continuaram, praticamente Brumadinho inteira se mobilizou para ajudar de alguma forma. Até o sábado, dia 2 de fevereiro, o centro de apoio montado para receber as doações havia recebido cerca de 27 toneladas de alimentos, mais de 700 cestas básicas prontas, duas toneladas de roupas, 11 toneladas de materiais de limpeza, mais de 150 mil litros de água e 870kg de ração animal.

O grande desafio do momento é conseguir organizar todos os donativos, disse Douglas Sant’anna, especialista em logística de desastres que está atuando em Brumadinho cedido pela Prefeitura de Mariana, lugar que trabalhou na organização de doações aos atingidos pela barragem da Samarco.

As buscas continuam de maneira incessante, todos os dias bombeiros, socorristas, a defesa civil, policiais, voluntários e veterinários estão presentes na área afetada com o plano de conseguir resgatar todos os envolvidos com o crime ambiental e humano. Até o atual momento os números são esses: Há ao menos 165 mortos, onde desses 160 já foram identificados, 155 pessoas desaparecidas entre elas estão funcionários da Vale e moradores locais, 192 sobreviventes foram resgatados, 393 foram localizados. A última vez que encontraram um sobrevivente foi na manhã do dia seguinte ao ocorrido, sábado, dia 26 de janeiro, nessa ocasião três pessoas foram resgatadas com vida.

No 12º dia de buscas tudo começou cedo, por volta das 6:30 da manhã, contando com a ajuda de 10 helicópteros, equipes de militares a pé, de barco, escavadeiras e máquinas anfíbias, tudo isso espalhadas por 22 pontos diferentes. Ao todo estão envolvidos na operação cerca de 399 profissionais, sendo 200 do Corpo de Bombeiros de MG, 110 Bombeiros e militares de outros estados, 64 da Força Nacional e 25 voluntários.

Após o ocorrido, mais precisamente no dia 29 de janeiro, a polícia havia prendido 3 funcionários da Vale e 2 engenheiros da empresa TÜV SÜD, que prestava serviços a mineradora. O Ministério Público e a polícia estavam investigando uma possível fraude nos documentos que atestavam a segurança da barragem que se rompeu. Na terça-feira, dia 05 de fevereiro, O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu por unanimidade liberdade aos cinco que estavam presos. A decisão é provisória (liminar) e possui validade até que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais julgue o mérito dos habeas corpus apresentados pelos investigados. No dia da prisão dos funcionários a mineradora se pronunciou, por nota, dizendo estar colaborando com as autoridades competentes. “A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”, disse a empresa.