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Vale, crime ou tragédia?

Já se passaram mais de um mês do rompimento da barragem de rejeitos em Brumadinho, evento que causou desespero, tristeza, angustia e raiva nos moradores e envolvidos. A mineradora Vale até o momento segue sendo investigada para que seja descoberto se foi crime ou tragédia. Na sexta-feira, dia 15 de fevereiro, foi a primeira vez que a promotoria que investiga as responsabilidades criminais falou e afirmou que o rompimento não foi um acidente, foi um crime. Essa afirmação foi baseada na troca de e-mails e mensagens entre os executivos da Vale e da empresa Tüv Süd onde conclui-se que ambas as empresas sabiam dos problemas nas barragens. No mesmo dia do pronunciamento, uma força-tarefa realizou 14 mandados de busca e apreensão em três estados diferentes, Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Belo Horizonte foram presos oito funcionários da mineradora, que já foram soltos a pedido do STJ (Superior Tribunal de Justiça) por não apresentarem riscos a investigação. Em São Paulo foram feitas diversas buscas em casas de funcionários e no Rio a sede da Vale foi vasculhada em busca de mais provas.

O crime trouxe ao município diversos problemas que já nos atingem e alguns que irão aparecer ao longo do tempo. Um deles é a situação do rio Paraopeba que atualmente, segundo o relatório da SOS Mata Atlântica, está morto. No relatório a qualidade da agua do rio varia entre ruim e péssima, concentrando uma alta quantidade de metais pesados. Esse é apenas um exemplo do grande prejuízo deixado pela mineradora Vale no município.

Com a constante cobrança de moradores e atingidos, a empresa assinou na quarta-feira, dia 20 de fevereiro, na 6a Vara da Fazenda Pública e Autarquias de Belo Horizonte, um acordo se comprometendo a pagar uma indenização em dinheiro a cada um dos moradores do município no prazo de um ano. O valor a ser pago ao longo dos 12 meses é de um salário mínimo mensal, R$ 998 reais, para cada adulto brumadinhense, meio salário mínimo, R$ 499 reais, para cada adolescente e um quarto de salário, R$249,50, para toda criança que reside em Brumadinho. Ainda não há previsão de quando os atingidos poderão receber e sacar os valores. Os detalhes sobre cadastramento e pagamento do valor ainda estão sendo acertados em reuniões com os responsáveis pelo Ministério Público de Minas Gerais e o Federal, além das defensorias públicas estadual e da União.