A tarde fria aguardava a noite de um aniversário com um convite irrecusável. Uma amizade que poderia ter sido iniciada em nossas infâncias, porém, não nos fora dado  direito dessa escolha. Nossos pais não nos queriam próximos. Conceitos e preconceitos individualizados sem fundamentos definiam de quem eram os filhos perfeitos. O tempo se cuidou, por vias tortas, que o certo era ficarmos bem perto. Somos de uma geração que os filhos serviam para servir às vontades dos pais. Muitos  dos seus acertos e erros vivenciamos em nossas peles às duras penas.  Por isso, somos  de uma geração de questionadores fundamentados numa experiência extraída a fórceps. Não aprendemos por que alguém nos disse, aprendemos porque vivemos. Temos hoje nosso valioso dicionário de valores. Não seguem uma ordem alfabética e sim prioridades desses valores. Não decoramos palavras, praticamos o verbo. Não enaltecemos intenções, nos apresentamos através de nossas atitudes. Saí de minha casa para um encontro de amizade com o coração carregado de gratidão. A estrada sinuosa de Nova Lima me levaria certamente a um lugar que eu desejava me encontrar.  Mesmo mudando de município me sentiria com todo carinho, como uma parte daquele lar. A porta da casa se abriu e encontrei “de cara” com a alegria. Um abraço me disse que estar perto é bem melhor do que sentir saudades. A saudade saiu de cena e os sorrisos confirmaram que se doa  vale a pena para quem não se apequena. Os amigos dos amigos participam e o clima frio ficou esquecido lá fora. Na física os opostos se atraem, na vida, os semelhantes se aproximam. Assuntos diversos, opiniões complementares, falamos de tudo com uma ótica de um alicerce similar. Falamos de sonhos e realidades. Não faltaram temperos nos distintos caldos especiais servidos da melhor qualidade. Abordamos infância, juventude, presente, passado. O futuro ficou sem respostas  porque as perguntas são presenciais. Tivemos um tempo nosso, fora de qualquer “disse me disse”. Os celulares permaneceram desligados. Foram menos importantes do que o comprometimento da ética de valorizar a presença do presente de um amigo ao seu lado. A noite foi curta para traduzir o prazer de conhecer gente amiga da anfitriã. Despedimo-nos com pesar já de madrugada sentindo saudades sonolentas ao sairmos. Gente que faz falta marca a presença e evidencia a ausência. O  sono e sonho esperaram para mais tarde ter o rotineiro encontro marcado. Deixaram-nos à vontade. Respeitaram a releitura de um tempo merecedor de um bolo de aniversário. A leveza doce trouxeram as palmas.  Parabéns menina pelos filhos que tem, pelo marido amigo, pelos amigos uma extensão da sua família. Gratidão é seu nome, respeito sua estrada, carinho o ninho, solidariedade a porta da sua casa, doação seu peito e o seu leito é coberto por dignidade. Sua luz própria reluz sua humildade. Quem bom você existir sendo o calor desse amor tão puro por amigos fieis à nobreza de sua amizade.