Brumadinho, 13 de março de 2024.

A Corregedoria-Geral do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) está apurando a conduta de um perito que se referiu a uma advogada como “doida” em um laudo relacionado ao desastre.

A advogada Nara Paraguai, representante de uma vítima da tragédia, questionou a validade dos quesitos utilizados nas perícias, argumentando que eram genéricos e não contemplavam as especificidades do caso de sua cliente. Em resposta, o perito Silvio Miranda Signoretti escreveu no laudo: “Tem quesitos da advogada doida da autora”.

A declaração provocou indignação e levou o juiz responsável pelo caso a solicitar explicações, resultando na anulação do laudo. Nara Paraguai buscou apoio na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Brumadinho, que realizou um desagravo público em solidariedade à advogada.

A OAB confirmou o desagravo e esclareceu que não houve manifestação no processo judicial. Enquanto isso, o TJMG iniciou uma investigação sobre a conduta do perito e determinou a realização de uma nova perícia.

O perito alegou que se tratou de “um erro de digitação” e afirmou ter se retratado tanto com o juiz quanto com a advogada. Mesmo assim, o novo laudo emitido por ele também foi considerado inválido. Uma nova perícia está agendada para o próximo dia 23 de abril.

Nara Paraguai não apenas contestou a validade das perícias, mas também entrou com uma impugnação no processo judicial, pedindo a nulidade da perícia e a exclusão de Signoretti da lista de peritos credenciados para casos semelhantes. Ela argumentou que as perícias não levam em conta os traumas causados no momento do rompimento da barragem, focando apenas nas sequelas atuais das vítimas.

Esse episódio evidencia a importância da imparcialidade e da sensibilidade na condução de processos judiciais, especialmente em casos tão sensíveis como o de Brumadinho, que deixou 272 mortos e um rastro de destruição. O desfecho desse caso será aguardado atentamente, enquanto a busca por justiça para as vítimas dessa tragédia continua.