Dia 25 de janeiro de 2020, exatamente um ano após o rompimento da barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, da Vale, todos os brumadinhenses homenagearam as 270 vítimas. Balões foram lançados, apresentações de grupos de bateria e zabumba, discurso de parentes das vítimas, orações e preces foram realizadas, tudo em lembrança das vítimas.
Cerca de 2 mil balões vermelhos foram lançados aos céus antes da leitura dos nomes das vítimas, a homenagem aconteceu na entrada de Brumadinho, no letreiro, ponto marcado pelas diversas homenagens e manifestações no último ano. 12h 28, hora exata do rompimento, os balões subiram aos céus acompanhados de muitos aplausos. Pessoas de todo o Brasil se deslocaram até Brumadinho para se unirem aos atingidos e prestarem suas homenagens, todos juntos confortando o coração dos que vêm sofrendo há 365 dias.

As chuvas intensas nos dias anteriores assustaram os moradores que também sofrem com a preocupação das enchentes, mas, exatamente no horário das homenagens, o sol voltou a brilhar no céu, trazendo mais força para todos os brumadinhenses.
Homenagens aconteceram em diversas outras localidades, no Mineirão, durante o Festival Planeta Brasil, o silêncio tomou conta de todos os 5 palcos, o 1 minuto coletivo de silêncio em homenagem foi, além disso, uma forma bonita de protesto. Quase todos os artistas que se apresentaram discursaram e mostraram suas insatisfações e raivas contra a Vale. O rapper mineiro Djonga, que também viveu a mesma situação em Mariana – MG, falou sobre termos consciência das pessoas que escolhemos para nos representar, pois eles são nossas vozes perante a diversas situações. As homenagens seguiram com outros artistas, como The Otherz, Caetano Veloso e Natiruts. “Levante as mãos e peça pelas almas vítimas de Brumadinho. Mas também aos heróis, os bombeiros”, pediu o vocalista do Natiruts.
(Foto: Frank Bitencourt)
Em Brumadinho os gritos e pedidos por justiça também ecoaram pela cidade. Os atingidos manifestaram sua indignação com o descaso que vem sofrendo. Na comunidade do Parque da Cachoeira, uma das áreas mais atingidas, a lama ainda está presente, exposta e entrando nas casas que antes ficavam na beirada do rio, que, em sua maioria, não possuem mais portas e janelas. As pessoas que ainda vivem na área reclamam da falta de acesso à agua. A Vale distribui água potável, mas não o suficiente, segundo moradores.
Diversas manifestações acontecem, todas cobrando justiça e exigindo que a Vale cumpra com os acordos e aja da maneira mais correta, sem “passar a perna” nos atingidos.
Alguns brumadinhenses se sentiram ofendidos com a presença de partidos políticos e pessoas oportunistas, usando do sofrimento de uma cidade para se promover. O sentimento deve ser de união, mas sem querer nada em troca, ajudar apenas por ajudar, por empatia.
Brumadinho precisa de muita união, força e sinceridade. Precisamos de ajuda honesta, de pessoas que estão na cidade porque acreditam que irão conseguir mudar e resolver alguns problemas. Vamos nos manter unidos que o caminho é longo e difícil, mas vamos conseguir nos reerguer.