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BrumaLama

A lama chegou,
A sirene não tocou!
Onde estão as minhas memórias
do vale?
Misturadas com a lama da VALE!
Meu cachorro Pelé,
Minha casa ao lado do bar do André,
Meu quintal onde jogava bola,
Minha família Quilombola.
A lama impiedosa levou, Meu passado nem na lembrança ficou!
Rivotril e Captopril, Duloxetina e Desipramina, Os remédios não me animam!
A culpa é do homem que contabilizou,
O dinheiro na ponta do lápis e a morte outorgou.
O extermínio dos meus, Não valia uma unha dos seus!
O capitalismo selvagem da VALE,
Disfarçado de um belo lírio-do-vale,
Fez-nos um grande mal.
A sua lama foi mortal.
Dilapidaram as serras da cidade,
O minério fez vaidade. Minha família jaz na lama, Pela Vale que nos engana.
Agora o que fazer?
Minha vida é sofrer! Enquanto os capitalistas da VALE,
Da prisão esquivarem.
A lama fez um cemitério, De resíduo de minério. Era 25 de janeiro de 2019, O dia que ceifaram nossos jovens.
Ouviram da lama ao vale pálido,
Enterrado eternamente no labor
do passado.
Que o dinheiro está acima de tudo.
O que é o nosso Brasil! Um vale tudo?

Joaquim Pires dos Reis