Quem conhece Brumadinho de canto a canto consegue fechar os olhos e imaginar o município no início do século XX, com montanhas ainda inexploradas pela extração de minério, rios e riachos mais limpos e com maior quantidade de água. Um Brumadinho muito mais verde do que o que temos hoje.
Quem conhece Brumadinho e cresceu nas décadas de 30, 40, 60, 70 e 80, pode fechar os olhos e ainda lembrar das estações movimentadas de passageiros que iam e vinham de Belo Horizonte a Brumadinho, e os que seguiam para os municípios de Moeda, Jeceaba, Belo Vale, Congonhas e Lafaiete. Alguns passageiros continuavam o percurso até o Rio de Janeiro.
E quem estava em Brumadinho em 1938 pode presenciar a emancipação de um município integrado por quatro distritos setecentistas: Brumado do Paraopeba, Piedade do Paraopeba, São José do Paraopeba, Aranha, e o recémcriado distrito de Brumadinho que se tornou Sede do município.
Aqueles que viveram naquela época, como dona Dalva Dias de Souza, então com sete anos de idade, lembra muito bem de registrar na memória o seu avô Juscelino Mendes da Cunha e o seu pai, José Benevides Dias, montarem em seus cavalos e seguirem do Brumado do Paraopeba até Brumadinho, para comemorar a emancipação política. Imagino que foram acompanhados de outros senhores, compartilhando o mesmo objetivo de participar daquele momento histórico.
Também podemos fechar os olhos e imaginar vários senhores chegando a cavalo, trem, um ou outro de automóvel, alguns de charretes e outros a pé, vindos dos quatro cantos do município para se juntarem às lideranças políticas, comerciais, religiosas e educacionais que representavam as localidades daquele tempo. Creio que almejaram juntos o progresso e desenvolvimento para os 640 quilômetros quadrados de extensão territorial do município emancipado.
Na década em que Brumadinho se emancipou, o ‘point’ era a Estação Ferroviária. E era também por meio dos trens que os moradores das Minas Gerais se locomoviam de cidade a cidade. Mas de 1938 até a virada do século e mais precisamente 22 anos de século XXI, muita coisa mudou e não dá para citar todas aqui. Mas turisticamente falando, os trens já não transportam mais passageiros, apenas minérios. E Brumadinho que era só um ponto de parada, virou ponto turístico.
Obviamente que aqueles senhores do início do século XX não imaginaram uma cidade sem transporte de trem e com ascensão turística. Dois fatos totalmente na contramão um do outro. Mas de lá para cá muita água passou debaixo da ponte do Paraopeba construída no início do século XX e alargada por volta de 2002. Até mesmo o distrito de Brumado do Paraopeba mudou de nome, se chama Conceição de Itaguá. E se formos falar sobre as inúmeras mudanças, o desenvolvimento turístico impensável nas décadas de 30, 40, 50, 60, 70, 80, hoje é uma realidade promissora.
Quem diria que Brumadinho abrigaria o maior museu a céu aberto de arte contemporânea do mundo? Atraindo turistas nacionais e internacionais desde 2006, ano em que foi inaugurado? Estes turistas chegam ao Inhotim, fazem um ótimo passeio e deixam de conhecer outros pontos turísticos do município, devido a uma falta de logística. Mas ainda falando em mudanças, este problema sinaliza estar prestes a virar página do passado, porque o Circuito Turístico Veredas do Paraopeba, que mudou de nome e agora se chama ‘Veredas’, tem também outros objetivos.
O destino Veredas que reúne 15 municípios e trabalha o desenvolvimento do turismo regional há mais de dezoito anos, traz agora uma proposta inovadora, além das cidades históricas e do turismo de massa, apresentando ao público experiências inusitadas e recheadas de contemporaneidade, tendo como ponto de partida o Instituto Inhotim. A parceria entre ‘Veredas’ e Inhotim, firmada no dia 22 de novembro, é uma esperança para os segmentos turísticos, investidores e parceiros. Agora é torcer para que a logística seja estruturada e interligada, para que os visitantes de Brumadinho possam conhecer as 13 experiências iniciais oferecidas pelo ‘Veredas’, e que destas experiências possam fluir outras mostrando as nossas particularidades, nossa cultura, história e natureza.
Afinal, como podemos fechar os olhos e imaginar Brumadinho antes do desenvolvimento, podemos imaginar também um turismo interligado às cidades integrantes do ‘Veredas’ e ao Inhotim. Pois além da água que passa debaixo da ponte do Paraopeba e da estrada de ferro que corta o município, Brumadinho tem muito o que oferecer para as vivências turísticas. Temos gastronomia, etnoturismo, sincretismo religioso, turismo religioso, de aventura, história e cultura. Viva Brumadinho. Viva o turismo!
Texto por: Carminha