/Estudo revela: Crianças de Brumadinho têm três vezes mais chance de desenvolver alergias respiratórias após tragédia

Estudo revela: Crianças de Brumadinho têm três vezes mais chance de desenvolver alergias respiratórias após tragédia

Brumadinho, 8 de abril de 2024.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revelou que as crianças expostas à poeira da mineração nas áreas de Brumadinho, em Minas Gerais, têm três vezes mais chances de desenvolver alergias respiratórias do que aquelas que vivem em outras localidades. Essa pesquisa, parte do projeto Bruminha, analisou a saúde de crianças de até seis anos nas comunidades impactadas pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, que ocorreu em 25 de janeiro de 2019.

De acordo com o estudo, realizado em três comunidades afetadas – Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e Tejuco – houve um aumento de 75% nos relatos de alergias respiratórias em comparação com áreas não afetadas pela tragédia, como a comunidade de Aranha. Renan Duarte, pesquisador do Projeto Bruminha pela UFRJ, ressalta que crianças com menos de cinco anos são mais sensíveis aos efeitos tóxicos das substâncias químicas presentes na poeira, devido ao desenvolvimento ainda em curso de seus sistemas respiratórios.

“Durante a infância, a exposição a particulados ou aerodispersóides pode causar danos pulmonares, considerando que o sistema respiratório ainda está em desenvolvimento e maturação”, explica Duarte. Ele também destaca que as vias enzimáticas responsáveis pela metabolização dos agentes químicos nessas crianças ainda estão imaturas, limitando a capacidade do organismo de se desintoxicar e excretar substâncias nocivas.

A pesquisa, que avaliou 217 crianças até seis anos cerca de um ano e meio após o desastre, utilizou questionários respondidos por pais e responsáveis para coletar dados. O pesquisador da UFRJ espera que os resultados do estudo motivem a implementação de ações específicas em saúde pública para essas comunidades afetadas.

“É fundamental para ações mais efetivas de saúde pública, principalmente considerando esse grupo mais vulnerável”, afirma Duarte. Ele espera que os resultados incentivem novos estudos sobre o tema e contribuam para melhorar os serviços de assistência e vigilância à saúde nas comunidades próximas a áreas de mineração e potencialmente expostas a poeira de resíduos em todo o país.