/Em ato no dia 25 de outubro, a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) vai se pronunciar sobre o STF ter adiado decisão sobre julgamento do caso Brumadinho na Justiça Estadual ou Federal

Em ato no dia 25 de outubro, a Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) vai se pronunciar sobre o STF ter adiado decisão sobre julgamento do caso Brumadinho na Justiça Estadual ou Federal

Barragem que rompeu matando 272 pessoas em 2019 teve laudo fraudulento e nenhum responsável foi punido até agora. Segunda Turma do STF deveria decidir em votação online, em 17 de outubro, se ação penal será julgada pela Justiça Federal ou mineira. Mas um dos ministros pediu vistas do processo, adiando novamente a decisão e a Justiça. ‘Estamos perplexos’, diz a Associação.

 

 

25 de janeiro ficou marcado para sempre como o pior dia dos familiares de vítimas fatais e atingidos pelo rompimento da barragem da Vale. Desde o ocorrido, em 2019, todo dia 25 de cada mês, incansáveis na sua luta por justiça, encontro e memória, associados da AVABRUM, amigos e apoiadores se reúnem para um ato que honra as 272 vidas perdidas na tragédia, pelo encontro das 4 vítimas ainda não encontradas, e clama pela celeridade do processo na justiça.

 

O evento que acontece mensalmente, faça chuva ou faça sol, no letreiro da entrada da cidade, é marcado por falas contundentes em repúdio ao ocorrido, além da leitura dos nomes das 272 vítimas (presentes!), e manifestações musicais em honra delas. Pontualmente às 12 horas e 28 minutos, momento exato do colapso da barragem, uma revoada 272 de balões brancos é lançada ao céu, representando cada uma das pessoas que perderam a vida na tragédia-crime.

 

Na próxima terça-feira, 25 de outubro, o ato terá um tom a mais de revolta e frustração, diante de uma notícia que abalou profundamente os familiares: A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) adiou, novamente, a decisão sobre o local onde será julgada a ação penal que apura as responsabilidades de 16 réus pelo rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em 2019. A ação tramitava na Justiça mineira, mas dois dos réus, entre eles o ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, entraram com um recurso para que o processo passe à Justiça Federal. O ministro André Mendonça, que no meio da tarde havia votado para manter a ação em Minas Gerais, no fim da noite voltou atrás e pediu vistas ao processo, impondo mais um adiamento ao caso e ampliando ainda mais a angústia dos familiares, que clamam por justiça.

 

“A associação lamenta que o processo sofra mais adiamento e espera que o voto de Mendonça seja mantido para que a ação não volte à estaca zero quase 4 anos depois da tragédia-crime que tirou a vida de 272 pessoas. Toda essa morosidade, idas e vindas, vai ajudando a nos matar um pouco mais a cada dia, além de todo sofrimento pela perda dos nossos entes queridos. Muitos pais, mães, viúvas (os), irmãos e filhos nunca tinham ido ao psicólogo ou psiquiatra e hoje fazem tratamento e usam medicação antidepressiva e somatizam doenças que antes não tinham. O adiamento nos deixa ainda mais ansiosos, angustiados, adoecidos, tudo por causa do lucro ‘em cima’ da vida. Precisamos de celeridade no processo criminal e que haja justiça pelas vidas ceifadas. A impunidade torna o crime recorrente, Brumadinho precisa virar exemplo de punição para que crimes como este não se repitam”, declara a diretoria da AVABRUM.