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Você usa Benzodiazepínicos para dormir? Cuidado…

Os Benzodiazepínicos (BZD) , como Diazepam, Alprazolam, Clonazepam (Rivotril) e outros, são medicamentos muito utilizados na Medicina há anos. Infelizmente, o uso é feito de forma indiscriminada, exagerada e as vezes irresponsável, tanto por pacientes quanto por médicos.

Hoje há uma preocupação importante com o uso crônico desses medicamentos, principalmente para os idosos. Muitos pacientes utilizam Clonazepam ou Alprazolam para dormir, por anos seguidos. Vão a um médico, se queixam de ansiedade ou insônia e estes, de forma negligente ou despreocupada, prescrevem esse tipo de medicamento sem orientar o uso correto ou alertar sobre os riscos do uso por muito tempo. O que é ainda pior, pacientes solicitam a médicos clínicos ou que não estão habituados ao uso deste medicamento para renovar a receita “azul” ou pedem emprestado a um parente ou amigo, sem saber os riscos a que estão submetidos. Não faça isso!

Primeiramente, não estou dizendo que os BZD não são bons medicamentos, mas sim que devem ser usados de forma correta. Atuam sob o receptor GABA do cérebro, provocando efeito indutor do sono, anticonvulsivante e relaxante muscular. Tem efeito ansiolítico importante, mas deve ser reservado a situações agudas, esporádicas ou de efeito imediato. É ainda usado na abstinência alcoólica, na epilepsia e mioclonias. Mas aqui está um pouco importante: não deve ser usado diariamente por mais de 8 a 12 semanas! Isso mesmo, nada de tomar Clonazepam para dormir toda noite, por vários meses!

Infelizmente, o uso indiscriminado de BZD virou um problema de saúde pública. As mortes por overdose cresceram 400% nos EUA nos últimos anos e o número de prescrições cresceram 67% entre 1990 e 2013. Usados por muito tempo, causam 2 consequências: tolerância, que é quando o paciente precisa de doses cada vez maiores para atingir o efeito do medicamento e dependência, que é o fato do paciente não conseguir ficar sem a droga. Logo, a abstinência é um fenômeno comum, em caso de suspensão abrupta, com sintomas como dor de cabeça, insônia, agitação, tremores, sudorese, palpitações etc. Além disso, principalmente em idosos, podem aumentar o risco de quedas e perda de memória, da concentração e atenção. Esses efeitos são tão preocupantes, que a Sociedade Americana de Psiquiatria (Critérios de Beer) recomenda EVITAR uso de BZD em idosos.

Então, caso você use BZD por longo tempo, procure um médico que tenha experiência no manuseio dos BZD para uma reavaliação e, se indicado, fazer a troca. Existem diversos medicamentos modernos para dormir e para tratar epilepsia ou ansiedade. É necessário fazer o desmame, ou seja, a redução gradual da dose, com cuidado e orientação médica. Isso pode levar semanas ou até meses. Cuide de sua saúde mental e evite trocas de receita “azul”.

Prof. Dr. Wagner Padua é cardiologista e psiquiatra, médico na Clínica Brumed em Brumadinho. Contato: wcpaduafilho@gmail.com (31) 3571-3256